A aplicação do ENEM 2025 mostrou números que merecem análise aprofundada, especialmente diante da marca de aproximadamente 70% de presença nos dois dias de prova, segundo informações do Ministério da Educação. Esse índice de comparecimento revela um cenário de mobilização significativa, embora também aponte para uma parcela relevante de abstenção. Avaliar esse resultado sob diferentes prismas é essencial para entender quais fatores contribuíram para esse comportamento e como ele pode influenciar o futuro da educação.
Há uma série de motivações que podem explicar por que 30% dos inscritos não compareceram em um ou ambos os dias. Algumas delas envolvem dificuldades logísticas, de transporte ou saúde; outras talvez sejam reflexo de desmotivação ou insegurança em relação ao exame. Além disso, a reaplicação das provas está prevista para dezembro, o que pode indicar que parte desse contingente ausente tenha uma chance real de recuperar a ocasião perdida, reforçando a importância de políticas mais inclusivas e acessíveis para garantir que todos tenham oportunidade justa.
A estrutura operacional para esse ENEM foi bastante robusta: foram mobilizados cerca de 585 mil colaboradores para organizar e supervisionar os dois dias de provas. Esse esforço logístico reforça a magnitude do exame e a seriedade com que as autoridades tratam sua aplicação. Estruturas de segurança, fiscais, apoio para candidatos com necessidades especiais e mecanismos de fiscalização, como detectores de metal, mostram a preocupação com a integridade da avaliação e com a equidade para todos os participantes.
Do ponto de vista da inovação, essa edição do ENEM trouxe novidades importantes, como a metodologia testlet, que agrupa itens de diferentes dificuldades em torno de um mesmo texto. Essa mudança pode favorecer uma avaliação mais holística do conhecimento dos estudantes, indo além da simples memorização. Além disso, existe a intenção de usar o exame como instrumento de avaliação da qualidade do ensino médio a partir de 2026, o que pode reforçar seu papel estratégico na política educacional nacional.
Socialmente, o ENEM continua sendo um grande mobilizador educacional. Entre os mais de 4,8 milhões de inscritos, mais de 1,3 milhão são concluintes da rede pública, o que evidencia sua relevância como porta de entrada para o ensino superior para muitos jovens. Esse dado reforça a ideia de que o exame não é apenas uma ferramenta seletiva, mas também uma política pública vital para promover igualdade de oportunidades e inclusão social.
Apesar da ausência de ocorrências graves reportadas durante os dois dias de aplicação, existem desafios operacionais que merecem atenção contínua. A possibilidade de reaplicação é um ponto positivo, mas exige que o sistema seja ainda mais eficiente para atender aqueles que enfrentaram problemas logísticos, desastres naturais ou impedimentos de saúde. Garantir que o processo de solicitação seja claro e acessível é fundamental para manter a credibilidade do exame.
Para os estudantes, a participação no ENEM 2025 tem um peso significativo. Além da importância para o acesso ao ensino superior via Sisu, ProUni ou Fies, há também a alternativa de certificação do ensino médio para pessoas maiores de 18 anos. Isso amplia o alcance social do exame, permitindo que ele não seja apenas uma porta de entrada para universidades, mas também um mecanismo de valorização da educação em diferentes trajetórias de vida.
Em síntese, a participação de aproximadamente 70% nos dois dias do ENEM 2025 reflete tanto o sucesso operacional quanto os limites ainda existentes. Esse resultado convida à reflexão sobre como tornar o exame mais acessível, justo e representativo. Se bem aproveitado, esse momento pode servir como ponto de partida para aprimorar políticas educacionais, fortalecer a inclusão e garantir que o ENEM continue sendo uma ferramenta poderosa para transformar vidas.
Autor: Lior Amarin
